No verão passado, uma descoberta científica curiosa chamou a atenção. Um estudante de doutorado de Harvard, chamado Andres Ardisson Korat, apresentou sua pesquisa sobre a relação entre alimentos lácteos e doenças crônicas ao comitê de sua tese.

Um de seus estudos chegou a uma conclusão incomum: entre os diabéticos, comer meia xícara de sorvete por dia estava associado a um menor risco de problemas cardíacos.

Essa ideia levantou algumas sobrancelhas no departamento de nutrição mais influente do país, já que um doce carregado de gordura saturada e açúcar poderia ser bom para a saúde?

O presidente do departamento, Frank Hu, pediu a Korat que investigasse mais a fundo: será que sua pesquisa poderia ter sido influenciada por acaso, viés oculto ou erro computacional?

No dia da defesa da tese, Korat explicou que seus esforços para desacreditar o sorvete foram em grande parte inúteis. O sinal do sorvete era consistente.

Apesar disso, o resultado era robusto e engraçado ao mesmo tempo. Os membros do comitê e o estudante tentaram de tudo para refutar o resultado, mas não conseguiram.

Efeitos espúrios surgem com frequência na ciência, especialmente em campos como a epidemiologia nutricional, onde as preocupações com a saúde e hábitos alimentares de centenas de milhares de pessoas são acompanhadas ao longo de muitos anos.

A ideia de um “sorvete saudável” despertou o interesse do autor, que estudou como equipes de pesquisadores processam dados, combinam-nos com teorias e os apresentam como “o que a ciência diz”.

Ele queria saber o que acontece quando os formadores de consenso se deparam com uma descoberta que parece contradizer tudo o que disseram antes.

Estudos anteriores já haviam observado um efeito semelhante ao do sorvete na saúde. Pesquisadores da Universidade de Minnesota analisaram minuciosamente os dados e encontraram resultados surpreendentes.

No entanto, a cobertura da mídia internacional não mencionou um detalhe importante: os dados mostravam que o consumo de sobremesas à base de lácteos, principalmente sorvete, estava associado a uma redução significativa nas chances de desenvolver síndrome de resistência à insulina em pessoas com sobrepeso.

Mesmo assim, ninguém parecia querer falar sobre isso. Estudos posteriores confirmaram esses resultados e pediram mais atenção para o sorvete como um possível aliado contra doenças.

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