Satélites artificiais de empresas como a Starlink, de propriedade de Elon Musk, estão causando sérios problemas na observação astronômica.
Além de interferir com a observação por meio de telescópios terrestres, um novo estudo publicado na Nature Astronomy alerta que os satélites também estão afetando os telescópios espaciais, como o icônico Hubble.
Em 2021, 5,9% das imagens capturadas pelo Hubble sofreram deterioração devido à presença dos satélites.
Esse problema só tende a piorar, já que a Starlink já possui quase 3.600 satélites em órbita, e espera-se que esse número chegue a 100.000 até o final da década.
As megaconstelações de satélites que empresas como OneWeb ou Amazon estão implantando também estão gerando preocupação na União Astronômica Internacional e na Sociedade Espanhola de Astronomia, que consideram essas constelações uma ameaça para a observação astronômica.
Como os satélites estão afetando a observação astronômica?
Os satélites estão causando problemas para a observação astronômica de várias maneiras, incluindo:
- Interferências na observação terrestre: a presença de satélites em órbita ao redor da Terra está causando problemas na observação por meio de telescópios terrestres. Os satélites refletem a luz do sol e se movem rapidamente pelo céu, causando linhas brilhantes e manchas nas imagens astronômicas. Isso pode interferir com a pesquisa científica e afetar a qualidade das observações.
- Deterioração da observação espacial: o novo estudo publicado na Nature Astronomy alerta que os satélites também estão afetando a observação por meio de telescópios espaciais, como o Hubble. Os satélites da Starlink deixaram rastros em 5,9% das imagens capturadas pelo Hubble em 2021, representando um aumento de 50% em comparação com observações anteriores.
- Interferências na radioastronomia: além de refletir a luz, os satélites também emitem ondas de rádio que podem interferir com as medições da radioastronomia. Isso é especialmente problemático porque essas medições são usadas para estudar objetos astronômicos que não podem ser observados com telescópios ópticos.
O que está sendo feito a respeito?
A preocupação com o impacto dos satélites na observação astronômica levou a diversas iniciativas para mitigar os efeitos negativos dessas megaconstelações.
A União Astronômica Internacional (IAU) lançou uma campanha de conscientização e pediu a adoção de medidas para evitar que os satélites afetem a pesquisa científica.
Também incentivou a criação de um grupo técnico na ONU para estabelecer diretrizes internacionais que afetem todos os países, já que o que uma empresa americana faz afeta uma colaboração internacional como o Hubble.
O compromisso das empresas de internet que estão implantando essas megaconstelações também tem sido questionado. A SpaceX, empresa de Elon Musk, prometeu fornecer informações orbitais aos astrônomos para que os observatórios possam evitar os satélites o máximo possível.
Além disso, pressionada por organismos governamentais e pela comunidade científica, a empresa se comprometeu a minimizar o impacto de suas atividades na pesquisa.
No entanto, sem a adoção de normas internacionais, não há garantia de que todas as empresas que planejam megaconstelações atuarão com moderação.
Por outro lado, alguns astrônomos estão explorando alternativas para reduzir o impacto dos satélites. Uma delas é mudar a órbita dos telescópios espaciais, o que poderia reduzir o número de satélites que interferem nas observações.
Outra solução poderia ser o uso de técnicas de inteligência artificial para remover os rastros dos satélites das imagens. No entanto, essas alternativas têm suas limitações e não são uma solução de longo prazo.