Um estudo recente realizado pelos psicólogos Akira O’Connor e Christopher Moulin explora os segredos por trás da sensação intrigante do jamais vu. Enquanto o déjà vu nos faz sentir como se tivéssemos experimentado algo antes, o jamais vu nos faz questionar a familiaridade do que já conhecemos.

Os pesquisadores descobriram que o jamais vu ocorre quando a parte do cérebro responsável por reconhecer a familiaridade se dessincroniza com a realidade, gerando uma sensação de estranheza. Essa sensação funciona como um mecanismo de “verificação de fatos” para nosso sistema de memória.

Em seus experimentos, O’Connor e Moulin descobriram que o jamais vu pode ser induzido através da repetição. Ao pedirem a participantes que escrevessem a mesma palavra várias vezes, eles observaram que, após um número específico de repetições, cerca de 70% dos participantes relataram uma sensação de jamais vu, na qual a palavra conhecida se tornava repentinamente estranha e carente de sentido. Essa sensação também pode ocorrer ao olhar para rostos familiares, ler palavras conhecidas ou visitar lugares cotidianos.

Os pesquisadores acreditam que o jamais vu desempenha um papel importante na flexibilidade do nosso sistema cognitivo. Ele nos alerta quando nossas ações se tornam automáticas e repetitivas demais, permitindo que possamos direcionar nossa atenção para outras tarefas.

Embora o jamais vu seja ainda menos comum do que o déjà vu, sua compreensão pode fornecer insights valiosos sobre transtornos como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), no qual a repetição compulsiva pode levar a uma sensação de irrealidade.

A pesquisa de O’Connor e Moulin sobre o jamais vu foi reconhecida com o prêmio Ig Nobel de literatura, que celebra trabalhos científicos que nos fazem rir e, ao mesmo tempo, refletir. Espera-se que essas descobertas inspirem novas pesquisas e avanços no entendimento dessa misteriosa sensação.

À medida que desvendamos os segredos do jamais vu, podemos ganhar uma compreensão mais profunda sobre a complexidade da mente humana e encontrar novas abordagens para o tratamento de transtornos relacionados à percepção e à repetição.

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