Os cientistas alertaram que cérebros em miniatura cultivados em laboratório podem se tornar conscientes e sofrer.
Imagine existir inteiramente como uma massa de tecido cerebral produzido artificialmente em uma placa de Petri, incapaz de movimento ou comunicação e fadado a ser experimentado por toda a sua existência.
Este é o cenário perturbador que alguns cientistas argumentam que poderia estar ocorrendo agora, graças ao progresso que foi feito na criação de organoides cerebrais – grupos de tecidos e células usados pelos pesquisadores para desenvolver novos tipos de medicamentos e estudar o funcionamento do cérebro humano.
Alguns estudos até detectaram atividade dentro desses cérebros em miniatura – então, onde traçamos a linha entre um simples experimento científico e a criação de um organismo potencialmente consciente?
“Embora não tenhamos evidências de que [esses cérebros em miniatura estejam conscientes], agora existem protocolos muito robustos que podem gerar atividades sofisticadas a partir desses organoides”, disse o professor Alysson R. Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego.
“Portanto, acho que isso é possível no futuro. Acho que precisamos informar a sociedade sobre os passos graduais da ciência, em vez de pegar as pessoas de surpresa.”
Os organoides atuais são muito pequenos – aproximadamente do tamanho de uma lentilha – e contêm apenas 2 a 3 milhões de células, muito longe dos muitos bilhões de células presentes no cérebro humano exponencialmente maior.
Hank Greely, professor de direito da Universidade de Stanford, argumenta que a probabilidade de que um deles tenha ganhado senciência é “quase no mesmo nível do risco de que seu telefone esteja em agonia sempre que precisar tocar um toque específico”.
Ele admite, no entanto, que em outros 10 ou 20 anos pode muito bem ser uma história diferente.
No momento, tudo o que realmente podemos fazer é esperar e ver o que o futuro reserva.